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4.11.16

Criança

Tá feio!
E do jeito que veio, vai demorar.
A maré sobe devagar, enquanto o povo sofre
Pisado, amarrado e pobre
Tentando gritar

Tá foda!

A gente nem sabe direito o que aconteceu
Ele subiu à força e ela desceu sem lutar
A tal da esperança, morrendo de medo
Feito criança, apanhando na rua, tomando atropelo

Perdida e sem rumo, calada, nua

Tentando ocupar pra ver se resiste
Mas eles insistem em lhe maltratar
É só uma criança, então, lhe pergunto:
Depois disso tudo, o que vai sobrar?

De tudo se fala, mas lá nas sacadas

Só existe silêncio
De quem protestava com ódio e com raiva
Daquelas panelas, que agora caladas
Lhes servem jantar, e a mistura é o desprezo

Aí, me pergunto:

Estão satisfeitos ou envergonhados?
Ficaram acuados ao verem o espelho?
O Verde e amarelo do orgulho ferido
Está desbotado e anda jogado no fundo do cesto

Chora, criança!

Teu sangue é vermelho, sim!
Mas seu nome nunca foi Democracia
Mentira de quem manda te prender desse jeito
Teu nome verdadeiro é o que inspira milhões de vidas

Utopia

Obrigado por manter vivo
O lado esquerdo do peito 
De um povo
Assim tão sofrido

15.10.16

Verbo Vida

Vida 
é mais que palavra solta.

... curta, carente, louca...

A vida é confusa, 
um verbo cadente 
que a gente só entende 
se o tempo conjuga.

t.a.

Convicção sobre aquilo que não se prova: Fé. O trabalho consiste em fazer o maior número possível de pessoas acreditar. Isso se dá por meio de argumentação e repetição. Se informação é arma de guerra, a desinformação é bomba, e os meios de comunicação, drones, guiados à distância, atirando a esmo. A gente nunca sabe direito quem cria a fé, controla a persuasão e nos joga uns contra os outros, mas quem morre todos dias tá sempre aqui, do nosso lado.

Acho

Tem gente que acha chato. Há quem ache bobo. Alguns acham metido. Outros acham tolo. Macho acha viadagem. Racista acha que é negrice. Puxa-saco sempre acha graça. Xenófobo acha baianice. Mendigo se acha na praça. Quem acha bonito é a elite. Se o político acha vantagem. Na TV só se acha bobagem. Quem descobre acha sacanagem. O hipócrita não acha nada. O arrogante acha que é burrice. Quem quer sempre acha vontade. Desculpa, mas isso é achice. Então, acho que não acho nada. Nessa rua acho que só tem lombada. Correr eu acho maluquice. O catador acha lata. O cão acha o osso. O palhaço acha um tapa. O corpo acha a vala. O beijo acha o pescoço. O tempo acha o espaço. O abraço acha outro abraço. Mas acho que são duas e pouco. Tá achando esse texto louco? Só acho que é meio doido. Se acha que não encaixa. E acham que não faz sentido. Saibam que achar é palpite. Achar é indefinido. Alpinista acha montanha. Quem acha longe é o preguiçoso. Chefe acha que manda. O louco acha o outro louco. Recalque acha vergonha. Achada e achando um pouco. A vida acha o seu caminho. Quem acha menos ganha. E eu acho que já vou indo. Pois acho que não tem fim. Isso de achar sentido. E tem gente que acha chato. Há quem ache bobo... Acho que vou parar. Repetir já acho errado. É achar que você é tonto. Que achando não percebeu. Que o fim acha a gente e pronto. Acho que é só um ponto. Final eu acho que é ponto. Até aqui acho que ninguém leu. E o enfim, acho que é o fim do conto. Pensando bem, acho que mais um pouco. E quem se acha louco sou eu.

Fé na Economia

Se o comércio para, o dinheiro diminui. Quando o dinheiro diminui, a fé aumenta. Se a fé aumenta, a igreja lota. Igreja lotada, caixinha cheia. Caixinha cheia, bolso vazio. Bolso vazio, comércio parado. E se o comércio para...

Sobre as coisas que acabam:

A pizza. O fôlego. A viagem. O jogo. O cigarro. O açúcar. A água. A luz. O dia. O vinho. O filme. A fome. A graça. A fase. A frase. A fruta. O fuso. O mês. O ano. As férias. As aulas. O café. A coca. O gás. A noite. O lápis. O papel. A música. A borracha. O tesão. O caminho. O pão. O leite. A bolacha. O doce. O salgado. O chocolate. A inspiração. A vontade. A caminhada. A amizade. A briga. A guerra. A paz. A calma. O som. O show. A chama. A fama. O dinheiro. O contrato. O pique. A tarefa. O respeito. O remédio. O tédio. A cerveja. A festa. A gasolina. O prazo. A tristeza. O espaço. O efeito. O crédito. A alegria. A espera. O sentido. A paciência. O tempero. A temporada. A euforia. O sentimento. A eternidade. O senso. A vergonha. O medo. A voz. O tempo. O sono. A margem. O mal. A coragem. O bem. O copo. O corpo. A culpa. A dor. O texto. O contexto. O protesto. O pretexto. O panelaço. O motivo. O conceito. O preconceito. O trago. O resto. O amor. A pinga. O projeto. A vida. Amém!

30.1.16

Trago mal dado

Quando se achega

Rascunho de felicidade na lixeira do peito. Caminho evitado. Incerteza. Arrependimento. Carência e repulsa. Choro e atenção. Sofrimentos contidos contados de acolhida. No fim do dia, um sorriso. Mas sem intenção. 

Logo se vai

Conserta a razão e provoca emoção num beijo intangível. Como seria? Nem imagino. Se não foi ainda, não vai ter depois. Resumo amassado. Rascunho no lixo. 

Orgulho que fica

Trago mal dado, nem pra remédio! Desprendo. Sem laço pro nó, sem tempo pro tédio. Sigo. Mais sonho que gente, maior que o desejo. Navego sem Norte, entrego-me ao tempo.

Sonho que cai

Porto, nunca. Seguro, jamais. Parto, sempre. Fico, talvez. Então, faz sentido, não pra negar. Pode atracar, mas vai navegar. Simples motivo: Conforto e abrigo não moram no mar.